terça-feira, 8 de abril de 2014

ECLIPSE TOTAL DA LUA - 15 de Abril de 2014

Os eclipses da Lua ocorrem toda vez que o nosso satélite penetra no cone de sombra projetado pela Terra no espaço. Estando, portanto, do lado oposto do Sol, os eclipses lunares só podem ter lugar quando a Lua passa pela fase de cheia. No próximo dia 15 de abril de 2014 ocorrerá um eclipse total da Lua que poderá ser observado em quase todas as suas fase em todo o território brasileiro. Saiba como observar.
Fig. 1 - Esquema geral de ocorrência dos eclipses lunares.

Iluminada pelo Sol, a Terra projeta no espaço dois cones: um de sombra e um de penumbra. Em seu movimento orbital ao redor da Terra, em certas ocasiões, a Lua penetra no cone de penumbra e temos o chamado eclipse penumbral, muito difícil de ser observado, uma vez que a atenuação do brilho lunar é quase imperceptível. Em determinadas condições a Lua pode atravessar parcial ou totalmente o cone de sombra, ocorrendo aí, o ECLIPSE LUNAR propriamente dito.
No início da madrugada de 15 de abril poderemos observar (se as condições meteorológicas permitirem) um ECLIPSE TOTAL DA LUA, cujas etapas ocorrerão nos horários relacionados na tabela adiante. Os horários foram calculados pelo método de Danjon, com aumento no raio angular aparente da sombra e da penumbra a partir da introdução de correções no valor da paralaxe lunar.
Os horários das ocorrências das diversas fases valem para o fuso -3h (ou 3h oeste). Para as localidades situadas nos fusos (-4h) e (-5h), subtrair respectivamente 1h e 2h dos horários indicados. Assim, por exemplo, em Manaus-AM, situada no fuso (-4h), o meio do eclipse ocorre às 03h 46m.

TABELA 1 - HORÁRIOS DAS OCORRÊNCIAS DAS DIVERSAS FASES



FASES

HORÁRIOS




1
Entrada da Lua na penumbra
P1
01h 54m
2
Entrada da Lua na sombra
U1
02h 58m
3
Início do eclipse total
U2
04h 07m
4
Meio do eclipse
M
04h 46m
5
Fim do eclipse total
U3
05h 25m
6
Saída da Lua da sombra
U4
06h 33m
7
Saída da Lua da penumbra
P4
07h 38m

TABELA 2 - OUTRAS INFORMAÇÕES SOBRE O ECLIPSE

EVENTO

DURAÇÃO



Duração do eclipse total
U3 - U2
01h 18m
Duração do eclipse pela sombra
U4 - U1
03h 35m
Duração total do eclipse
P4 - P1
05h 44m
Grandeza do eclipse pela sombra
g
1,291

TABELA 3 – NASCER E OCASO DO SOL E DA LUA


HORÁRIOS
Nascer da Lua em São Paulo*
17h 30m
Passagem Meridiana da Lua em São Paulo*
23h 57m
Lua Cheia**
04h 42m
Ocaso da Lua em São Paulo**
06h 27m
Nascer do Sol em São Paulo**
06h 20m
                 * Em 14 de abril de 2014
                        **  Em 15 de abril de 2014

O diagrama seguinte representa um corte da região da penumbra e da sombra projetadas pela Terra, na posição correspondente à distância da Lua, ilustrando as diversas fases do fenômeno que poderá observado. A Lua permanecerá totalmente imersa na sombra da Terra (intervalo U3-U2) durante 01 hora e 18 minutos, cerca de 30 minutos a menos do que a máxima duração possível para esse tipo de fenômeno que é de 1h 47min.

Fig. 2 - As diversas etapas do eclipse total da Lua de 15 de abril de 2014. Diagrama de Irineu G. Varella.

Embora sendo um astro iluminado pelo Sol e estando imersa na sombra da Terra, a Lua não se tornará invisível. É que uma parte dos raios solares que atravessa a atmosfera terrestre sofre desvio (refração), penetra no cone de sombra e atinge o disco lunar permitindo sua percepção. As condições atmosféricas da Terra, no momento do eclipse, determinam a coloração da Lua no instante da totalidade. Em muitas ocasiões, a Lua se apresenta com uma coloração alaranjada, em outras avermelhada e, em alguns eclipses, com um tom marrom escuro, quando na atmosfera existem grandes quantidades de partículas geradas, principalmente, pelas erupções vulcânicas.
Fig. 3 - Espalhamento e refração da luz solar pela atmosfera terrestre. Diagrama de Irineu G. Varella.

A luz solar é composta por radiações de várias cores (várias freqüências). Quando a luz do Sol atinge a atmosfera, atravessando-a de forma razante como na figura acima, as moléculas do ar produzem o espalhamento da luz azul em todas as direções. As radiações de maior comprimento de onda (alaranjada e vermelha) são desviadas para dentro do cone de sombra, dando essas tonalidades à Lua à medida que o eclipse se desenvolve. A imagem adiante ilustra a coloração da Lua durante o eclipse total de 20 de janeiro de 2000. Foto divulgada pela NASA em 02.Fev.2000.

Fig. 4 - Aspectos da Lua na fase central de um eclipse. Fotos de Stephen Barnes - 20.Jan.2000

A OBSERVAÇÃO DO ECLIPSE
O eclipse poderá ser observado a olho nu ou com o auxílio de binóculos, lunetas ou telescópios, uma vez que este fenômeno não traz quaisquer prejuízos à visão, ao contrário do que ocorre com os eclipses solares. O amador em astronomia que disponha de um pequeno instrumento para a observação poderá acompanhá-lo cronometrando os instantes das diversas fases, assim como a passagem da sombra pelas inúmeras crateras, mares e montanhas lunares.
Diferentes regiões da Lua estarão em diferentes partes da sombra e poderemos notar diferenças no brilho e na coloração do disco lunar. O limbo sudoeste, mais próximo da borda da sombra, se apresentará mais claro que o limbo nordeste que estará próximo do centro da sombra.
Para um observador em São Paulo, no instante do meio do eclipse, a Lua estará com 21,5º de altura e 268,5º de azimute (contado a partir do ponto cardeal norte no sentido norte - leste - sul - oeste).

IMPORTÂNCIA DOS ECLIPSES LUNARES
Do ponto de vista científico, os eclipses lunares têm menor importância que os eclipses solares. Mesmo assim, há observações e medidas que permitem melhorar o conhecimento científico. Por exemplo: a observação da Lua na faixa do infra-vermelho, durante a sua entrada na sombra da Terra e no período em que ela se encontra mergulhada no interior do cone de sombra terrestre, oferece material científico para se estudar as variações das temperaturas na superfície lunar à medida que nosso satélite é obscurecido.
As observações das diversas fases do eclipse lunar e a cronometragem dos instantes em que a sombra da Terra passa por algumas crateras lunares, permitem, pela comparação entre os instantes observados e os previstos, melhorar o nosso conhecimento sobre o movimento orbital da Lua, sobre o movimento de rotação da Terra e aprimorar os métodos de cálculo e as teorias de previsão dos eclipses.
Dois procedimentos são utilizados para o cálculo dos horários das diversas fases de um eclipse lunar: o chamado método clássico que considera os raios aparentes da sombra e da penumbra aumentados em 2% para dar conta dos efeitos da atmosfera terrestre e o método devido ao astrônomo francês André Danjon que utiliza um valor aumentado da paralaxe lunar para dar conta dos efeitos citados. No primeiro procedimento os tamanhos da sombra e da penumbra são aumentados na mesma proporção enquanto que no segundo método os aumentos são desiguais, o que provoca alteração nos instantes previstos pelos dois métodos.
A observação e a cronometragem cuidadosas dos instantes em que a sombra da Terra passa por algumas crateras lunares permitem acumular dados para que se possa calcular o aumento de tamanho da sombra terrestre e decidir qual dos dois procedimentos oferece os melhores resultados no cálculo da previsão.
São necessários para isso, além de um pequeno telescópio ou um binóculo, um relógio aferido e um mapa da superfície lunar para que possam ser identificadas as crateras. A tabela adiante fornece os instantes previstos para a passagem da sombra terrestre em algumas crateras de grande tamanho. Os instantes foram calculados pelo astrônomo norte-americano Fred Espenak, da NASA.
Ao alcance do amador em Astronomia está, também, a determinação do chamado Número de Danjon, que indica o grau de obscurecimento e a coloração da Lua no instante central do eclipse.

TABELA 4 - PASSAGEM DA SOMBRA TERRESTRE POR ALGUMAS CRATERAS DA LUA

IMERSÃO
CRATERA
EMERSÃO
CRATERA
03:05
Riccioli
05:30
Riccioli
03:07
Aristarchus
05:31
Grimaldi
03:07
Grimaldi
05:36
Billy
03:13
Kepler
05:43
Campanus
03:16
Billy
05:44
Aristarchus
03:18
Pytheas
05:45
Kepler
03:20
Plato
05:47
Tycho
03:20
Timocharis
05:54
Copernicus
03:21
Copernicus
05:56
Pytheas
03:26
Autolycus
06:00
Timocharis
03:28
Aristoteles
06:03
Plato
03:29
Eudoxus
06:07
Autolycus
03:31
Campanus
06:10
Manilius
03:33
Manilius
06:12
Aristoteles
03:36
Menelaus
06:13
Eudoxus
03:37
Endymion
06:13
Dionysius
03:40
Plinius
06:14
Menelaus
03:41
Dionysius
06:18
Plinius
03:45
Tycho
06:20
Endymion
03:48
Censorinus
06:20
Censorinus
03:48
Proclus
06:23
Goclenius
03:52
Taruntius
06:26
Messier
03:52
Messier
06:26
Taruntius
03:55
Goclenius
06:27
Proclus
03:59
Langrenus
06:28
Langrenus


OUTRAS INFORMAÇÕES TÉCNICAS SOBRE O ECLIPSE
Série: O eclipse total da Lua de 15 de abril de 2014 é a repetição, após um período de Saros, do eclipse total ocorrido em 20 de fevereiro de 1989. Ambos fazem parte da série de Saros nº 122, que se desenvolve em torno do nodo ascendente da órbita lunar e que teve início com o eclipse penumbral ocorrido em 14 de agosto de 1022 e que se encerrará com o eclipse penumbral de 29 de outubro de 2338. A série em questão terá, portanto, a duração de 1.316 anos. O presente eclipse é o 56º da série composta por 74 eclipses ( incluíndo os penumbrais e umbrais parciais e totais ).
Ponto Sub-lunar: No instante do meio do eclipse a Lua estará no zênite do ponto da superfície terrestre localizado a cerca de 3.000 km a sudoeste das Ilhas Galápagos, no Oceano Pacífico.

TABELA 5 - OS PRÓXIMOS ECLIPSES DA LUA

DATA *
TIPO
VISIBILIDADE NO BRASIL
01
2014.Out.08
Total
Somente as fases iniciais serão visíveis no Brasil.
02
2015.Abr.04
Parcial
Invisível no Brasil.
03
2015.Set.28
Total
Inteiramente visível no Brasil.
* As datas referem-se ao instante do meio do eclipse em tempo legal do fuso -3h (Tempo Legal do Distrito Federal-TDF).

Irineu Gomes Varella - MPEA IAG USP

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Excelente matéria, Prof. Irineu. Sua forma de explicar e suas ilustrações, são extremamente elucidativas. Mais que um simples post para acompanhamento do eclipse do dia 15 de abril, um verdadeiro material para consulta. Vai para minha biblioteca virtual. Parabéns! Sidney Pedro.

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  3. Obrigada, acompanhei o eclipse por essa imagem que você fez (figura 2), os horários bateram certinho, pude marcar o despertador para os horários que mais me interessavam! Foi ótimo!
    Obrigada de novo! Beijos.

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  4. Muito legal e oportuno esse post Irineu. Certamente foi bastante visualizado por ter sido publicado bem na semana do eclipse. Excelente escolha de data e tema. Gostei muito das figuras !

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